PALESTRA "A PRIMEIRA ESTRADA DE RODAGEM MACADAMIZADA DO BRASIL E A PROPOSTA DE MUSEALIZAÇÃO DA UNIÃO E INDUSTRIA".

BASEADA EM PALESTRA MINISTRADA PELOS MUSEÓLOGOS MÁRIO CHAGAS – UNIRIO E MUSEU DA REPÚBLICA – E CLÁUDA STORINO – SÍTIO BURLE MARX/IPHAN -, DURANTE O SEMINÁRIO “UNIÃO E INDÚSTRIA: UMA ESTRADA PARA O FUTURO LEGADO E POSSIBILIDADES”, REALIZADO PELO MUSEU MARIANO PROCÓPIO, NO DIA 10 DE MAIO DE 2013, NO AUDITÓRIO DO BANCO DO BRASIL, EM JUIZ DE FORA-MG.

Nilo Franck

Nilo

24/11/15 - 11:00

PREZADOS PARTICIPANTES DO XI CAAL:

EM MAIO DESTE ANO PARTICIPEI DO SEMINÁRIO “UNIÃO E INDÚSTRIA: UMA ESTRADA PARA O FUTURO - LEGADO E POSSIBILIDADES”, REALIZADO PELA FUNDAÇÃO MARIANO PROCÓPIO, AUTARQUIA QUE ADMINISTRA O MUSEU MARIANO PROCÓPIO, EM JUIZ DE FORA-MG. DENTRE OS ASSUNTOS EXPOSTOS ME CHAMOU ATENÇÃO A CONFERÊNCIA ”MUSEU DE PERCURSO: PROPOSTA DE MUSEALIZAÇÃO DA ESTRADA UNIÃO E INDÚSTRIA”, APRESENTADA PELOS MUSÉOLOGOS MÁRIO CHAGAS E CLÁUDIA STORINO. Ao FINAL, os palestrantes FIZERAM UMA SOLICITAÇÃO AO ATUAL DIRETOR DA FUNDAÇÃO Museu Mariano Procópio, Douglas FASOLATO, NO SENTIDO DE ASSUMIR O PROJETO E PROCURAR DE ALGUMA FORMA DESENVOLVÊ-LO COM OS DEMAIS SEIS MUNICÍPIOS CORTADOS PELA ESTRADA, SENDO QUATRO NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (PETRÓPOLIS, AREAL, TRES RIOS, COMENDADOR LEVY GASPARIAN) E Três EM MINAS GERAIS (SIMÃO PEREIRA, MATIAS BARBOSA E JUIZ DE FORA). A PROPOSTA DE TRANSFORMAÇÃO DA ESTRADA em um MUSEU DE PERCURSO, ME FASCINA PELO FATO DE TERMOS A PARTICIPAÇÃO DE IMIGRANTES germânicos NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO E MANUTENÇÃO DA ESTRADA. ACREDITO QUE ESTE PROJETO PODERÁ contribuir ao AO PROCESSO QUE desenvolvemos na ASSOCIAÇÃO, DE valorização e RESGATE das TRADIÇÕES E da CULTURA TRAZIDAS POR NOSSOS ANTEPASSADOS.

O MUSEU MARIANO PROCÓPIO tem forte vinculação com a história da imigração, CUJO PRÉDIO MAIS ANTIGO DO COMPLEXO É DE AUTORIA DO ARQUITETO alemão CARLOS AUGUSTO GAMBS, bem como de outras obras da Estrada União e Indústria, inclusive as estações, tendo sido contratado pelo comendador Mariano Procópio Ferreira Lage (1821-1872), por meio da Companhia União e Indústria.

A CONFERÊNCIA ACIMA PROCUROU DEMONSTRAR AOS PARTICIPANTES DO SEMINÁRIO QUE: “A CONSTRUÇÃO DA ESTRADA UNIÃO E INDÚSTRIA PROPORCIONOU UMA ESPÉCIE DE VIAGEM NA MODERNIDADE E IMPACTOU DE MODO DECISIVO A VIDA SOCIAL DOS MORADORES AO LONGO DO TRECHO ENTRE PETRÓPOLIS E JUIZ DE FORA. A DILIGÊNCIA MAZZEPA, QUE AINDA HOJE SE ENCONTRA PRESERVADA, TEM UM LUGAR ESPECIAL NO IMAGINÁRIO SOCIAL. A PROPOSTA DE MUSEALIZAÇÃO DA ESTRADA, COMO UM GRANDE MUSEU DE PERCURSO, A PARTIR DOS TESTEMUNHOS EXISTENTES PODERÁ CONTRIBUIR PARA A VIDA CULTURAL DOS MUNICÍPIOS POR ONDE ELA PASSA”.

A IMIGRAÇÃO germânica ACONTECEU atendendo aos interesses da COMPANHIA UNIÃO E INDÚSTRIA, que necessitava DE MUITOS TRABALHADORES ESPECIALIZADOS e QUE ERAM ESCASSOS NA REGIÃO da então VILA DE SANTO ANTONIO DO PARAIBUNA (atual JUIZ DE FORA), que além da estrada, também implantou uma Escola Agrícola e uma colônia Agrícola, que recebeu dois grupos expressivos de imigrantes em DUAS OPORTUNIDADES; A PRIMEIRA, EM 1856, COM 150 IMIGRANTES VINDOS PARA TRABALHAR ESPECIFICAMENTE NA CONSTRUÇÃO DA ESTRADA, E A SEGUNDA COM 1190 IMIGRANTES PARA A ocupação da COLONIA AGRÍCOLA DOM PEDRO II, DESTINADA à PRODUÇÃO DE ALIMENTOS PARA ABASTECIMENTO DA REGIÃO QUE ESTAVA EM PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO GRAÇAS à PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DO CAFÉ, PRODUZIDO EM LARGA ESCALA NA ZONA DA MATA MINEIRA E QUE VINHA PARA NOSSA CIDADE ONDE ERA ARMAZENADO E DEPOIS TRANSPORTADO PARA O PORTO DO RIO DE JANEIRO.

COM AS DIFICULDADES DECORRENTES Do TRANSPORTE, QUE ERA MUITO DEMORADO E LEVAVA ATÉ 30 DIAS PARA SE CHEGAR AO PORTO DE RIO DE JANEIRO PARA EXPORTAÇÃO, FOI CRESCENDO A NECESSIDADE DE CONSTRUÇÃO DE UMA ESTRADA MODERNA QUE ENCURTASSE O TEMPO DE DESLOCAMENTO. Com a União e Indústria, a viagem de Petrópolis passou a ser realizada em 12 horas.

Quanto à COLÔNIA AGRÍCOLA, NÃO FOI MUITO EXITOSA, fazendo com que MUITOS germânicos DA SEGUNDA IMIGRAÇÃO desistissem enquanto outros se empregassem na COMPANHIA União e Indústria, responsável PELA CONSTRUÇÃO e manutenção DA ESTRADA, pois tinham QUALIFICAÇÃO PARA diversas atividades, como FUNILEIROS, FABRICANTES DE CARRUAGENS, MECÂNICOS, CARPINTEIROS, MARCENEIROS, SELEIROS E OUTROS. No decorrer do tempo, ALGUMAS FAMÍLIAS FORAM ADQUIRINDO TERRAS AO LONGO DA estrada E MUITOS PASSARAM A RESIDIR ÀS SUAS MARGENS; OUTROS FICARAM EM JUIZ DE FORA E CONTRIBUIRAM COM SEU TRABALHO COMO PIONEIROS NA INDUSTRIALIZAÇÃO, destacando a cidade NO FINAL DO SÉCULO XIX como O MAIS IMPORTANTE PARQUE INDUSTRIAL DO ESTADO DE MINAS GERAIS, ATÉ OS ANOS 40 DO SÉCULO XX.

DECORRIDOS 152 ANOS DE SUA INAUGURAÇÃO A PRIMEIRA ESTRADA macadamizada da América Latina, contribuiu ainda PARA O DESENVOLVIMENTO Da REGIÃO DOS DOIS ESTADOS BRASILEIROS, SERVINDO A UMA POPULAÇÃO ESTIMADA EM MAIS DE HUM MILHÃO DE HABITANTES, SENDO IMPORTANTE ENTRONCAMENTO RODOVIÁRIO LIGANDO AS TRES MAIORES CIDADES BRASILEIRAS, A SABER RIO DE JANEIRO, SÃO PAULO E BELO HORIZONTE, ATRAVÉS DAS RODOVIAS 040 (RIO – BRASILIA) QUE ocupa TRECHOS DA ANTIGA ESTRADA, BR 353 QUE LIGA A RIO BAHIA E VIA DUTRA. A RODOVIA AINDA ESTÁ EM PLENO FUNCIONAMENTO, ALGUNS TRECHOS JÁ DENSAMENTE POVOADOS, OUTROS (PRINCIPALMENTE em Minas Gerais), AINDA POSSUEM MUITAS FAZENDAS, SITIOS E GRANJAS AS SUAS MARGENS. Algumas pontes AINDA ESTÃO EM BOM ESTADO E DAS doze ESTAÇÕES DE MUDA, QUE ERAM UTILIZADAS PARA TROCA DE ANIMAIS E PARADA DE PASSAGEIROS, SOMENTE UMA AINDA existe e abriga O MUSEU RODOVIÁRIO, em Levy Gasparian, Município do Estado do Rio de Janeiro e na proximidade da divisa com Minas Gerais, ONDE ESTÃO EXPOSTAS MÁQUINAS E A MAZEPPA, DILIGÊNCIA UTILIZADA NO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS da referida estrada. NO ENTANTO A SITUAÇÃO DESTE MUSEU É PRECÁRIA.

EM ENTREVISTA PUBLICADA NO JORNAL TRIBUNA DE MINAS DE JUIZ DE FORA, ASSIM SE MANIFESTOU O PROFESSOR MARIO CHAGAS SOBRE A CRIAÇÃO DE UM MUSEU DE PERCURSO PARA A ESTRADA UNIÃO E INDÚSTRIA: “TRATA-SE DE UMA PROPOSTA EM CONSTRUÇÃO, DE UMA PROPOSTA EM BUSCA DE PARCEIROS PARA O DESENVOLVIMENTO DO PROJETO. A INTENÇÃO É COMPREENDER A ESTRADA COMO UM MUSEU DE PERCURSO, QUE SERIA CAPAZ DE VALORIZAR A ESTRADA, RECONHECER O SEU VALOR HISTÓRICO, A SUA POTÊNCIA DE MEMÓRIA, A SUA MODERNIDADE E TAMBÉM DE VALORIZAR E POTENCIALIZAR AS AÇÕES DOS MUNICÍPIOS POR ONDE ELA PASSA. O MUSEU MARIANO PROCÓPIO TERIA DENTRO DESSE QUADRO UM DESTAQUE ESPECIAL, SENDO O PRINCIPAL PONTO ARTICULADOR DO PROJETO, QUE ENVOLVERIA TAMBÉM O MUSEU IMPERIAL DE PETRÓPOLIS E O MUSEU RODOVIÁRIO, ONDE SE ENCONTRA A MAZEPPA, A DILIGÊNCIA QUE FAZIA O PERCURSO ENTRE PETRÓPOLIS E JUIZ DE FORA”. QUANTO AOS BENEFICIOS ELE RESPONDEU: “A IDEIA É PRODUZIR UMA GRANDE ARTICULAÇÃO ENTRE AS ÁREAS DA CULTURA, DA EDUCAÇÃO, DO TURISMO, DE ESTRADAS DE RODAGEM, DO TRANSPORTE E AINDA MAIS. A UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA PODERIA ENTRAR NO PROJETO, QUE PODERÁ TAMBÉM PRODUZIR GRANDES E PEQUENOS PERCURSOS DE INTERESSE TURÍSTICO E FAVORECER A CRIAÇÃO DE UMA REDE DE GASTRONOMIA, DE ARTE E DE ARTESANATO NAS COMUNIDADES DO ENTORNO DA ESTRADA”.

ACREDITO QUE OUTRAS ENTIDADES QUE SE INTERESSAREM pelo tema, poderão participar do projeto, PRINCIPALMENTE EMPRESAS E O PRÓPRIO GOVERNO ALEMÃO, VISLUMBRANDO UMA POSSIBILIDADE DE PARCERIA, ENTENDENDO SER ESTA ESTRADA UM LEGADO IMPORTANTE para os IMIGRANTES germânicos que AJUDARAM A Construí-la, DEIXANDO UMA IMPORTANTE OBRA DA ENGENHARIA RODOVIÁRIA BRASILEIRA ÀS FUTURAS GERAÇÕES. ACREDITO QUE A ASSOCIAÇÃO CULTURAL E RECREATIVA BRASIL ALEMANHA PODERÁ DAR SUA CONTRIBUIÇÃO A ESTE PROJETO.

Nada melhor para demonstrar a importância dos bens remanescentes da Estrada União e Indústria do que os registros do Imperador Pedro II em seu diário, relatando sua participação na inauguração, em 1861. Dom Pedro II escreveu:

É deste aprazível sítio que a arte converteu num brinco igual a qualquer lugar de banhos da Alemanha, sob o céu recamado de estrelas que porfiam com as inumeráveis luzes, que cintilam nos jardins e elegantes edifícios, ao som de uma harmoniosa banda de música de colonos tiroleses que eu principio a narrar a minha viagem enquanto a lua não sai e eu também, para percorrer estes jardins a inglesa, e subir ao alto de um outeiro, onde Lages acaba a construção da mais “coquette” habitação.

Gostaria de agradecer ao SR DOGLAS FAZOLATO – PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO MARIANO PROCÓPIO, pela parceria da presente palestra. A Sra Labriza Globig pela tradução em língua espanhola.


Juiz de Fora, 22 de setembro de 2013.
NILO SÉRGIO FRANCK



FONTES DE CONSULTA:

FUNDAÇÃO MARIANO PROCÓPIO – ARQUIVOS;

JORNAL TRIBUNA DE MINAS – JUIZ DE FORA – MG

DIÁRIO DO IMPERADOR D. PEDRO II;

PALESTRA DOS MUSEÓLOGOS MARIO CHAGAS E CLÁUDIA STORINO.

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