150 ANOS DA ESTRADA UNIÃO E INDUSTRIA

Nilo Franck

Nilo

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Este fato, ou seja a passagem dos 150 anos da inauguração da primeira estrada macadamizada do Brasil, tem reflexos em várias cidades dos Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, a saber: PETRÓPOLIS – AREAL – TRES RIOS – PARAIBA DO SUL – LEVY GASPARIAN no Estado do RIO DE JANEIRO e SIMÃO

PEREIRA, MATIAS BARBOSA E JUIZ DE FORA no Estado de MINAS GERAIS, merece portanto uma comemoração e, principalmente que todos os cidadãos hoje conheçam como foi a epopéia da construção desta estrada, que gerou entre outros fatores, a vinda de colonos germânicos para JUIZ DE FORA, em 1858.

Para a construção da estrada foram contratados por MARIANO PROCÓPIO FERREIRA LAGE, o capitão JOSÉ MARIA DE OLIVEIRA BULHÕES, que foi assistido pelo alemão JOSÉ KOELLER e seu filho, além de dois engenheiros franceses FLAGEOLLOT e VIGOUROUX. O projeto começou em 1854, as obras iniciadas em 12 de abril de 1856, na presença do IMPERADOR D. PEDRO II, em PETRÓPOLIS. Os trabalhos de construção ficaram a cargo, respectivamente , do brasileiro ANTONIO MARIA BULHÕES, no trecho entre PETRÓPOLIS E TRES BRAÇAS (ATUAL TRES RIOS) e do alemão JOSEÉ KOELLER no trecho entre TRES BRAÇAS A SANTO ANTONIO DO PARAIBUNA (ATUAL JUIZ DE FORA). Foram construídos um total de 144 km (24 léguas) e sua inauguração deu-se no dia 23 de junho de 1861, com a viagem realizada pelo IMPERADOR D PEDRO II, a família real e alguns de seus assessores, cujo percurso foi feito em 12 horas.Para se ter uma idéia do avanço obtido na construção da estrada o escritor ALBINO ESTEVES em seu ÁLBUM DO MUNICIPIO DE JUIZ DE FORA, 1915, relata “Era um passo agigantado o que se dava e vinha de certo modo garantir a vida sempre latente de nossa cidade”. Como se pode calcular, antes da união e industria a viagem durava em torno de trinta dias numa viagem de ida e volta. Agassiz, escritor e naturalista norte-americano, também dá suas impressões sobre a UNIÃO E INDÚSTRIA, em seu livro “VOYAGE AU BRÉSIL”. Num dos trechos ele afirma;


...”Presentemente vai-se de Petrópolis a Juiz de Fora em carruagem, do erguer ao por do sol, sobre uma boa estrada de posta, que não cede lugar a nenhuma outra no mundo”. No Livro de WILSON LIMA BASTOS – MARIANO PROCÓPIO FERREIRA LAGE- SUA VIDA, SUA OBRA E SUA DESCENDÊNCIA, publicado em 1961, às páginas 44 e 45, assim destaca a viagem empreendida pelo IMPERADOR D. PEDRO II: “Precisamente às 1730 horas, após meio dia exato de viagem, chegou o IMPERADOR D PEDRO II a JUIZ DE FORA, sob entusiásticas aclamações, numa festa de espontânea vibração cívica e cheia do sentido humano da simpatia. A estrada estava guarnecida em alas pelos colonos da COLÔNIA D PEDRO II, separadas pela ordem dos sexos e idades, tendo à frente seu DIRETOR e o capelão católico. Na mesma ordem seguiam os alunos dos COLÉGIO ROUSSIN, em número de mais ou menos oitenta.O povo não continha sua animação, acorrendo de todos os lados vibrantes aclamações. Assim sob o HINO NACIONAL executado pela BANDA DE MÚSICA DA COLÔNIA, chegou a comitiva imperial à chácara de MARIANO PROCÓPIO, que estava reservada ao uso dos Imperadores e Príncipes.”  Alguns anos mais tarde foi lançado o primeiro guia de viagens do Brasil, escrito pelo fotógrafo do IMPERADOR, o Alemão, nascido em BERLIM, REVERT HENRIQUE KLUMB, intitulado ‘DOZE HORAS EM DILIGÊNCIA – GUIA DO VIAJANTE DE PETRÓPOLIS A JUIZ DE FORA, editado em 1872.Num manuscrito datado de 1870, KLUMB afirma que a viagem do RIO DE JANEIRO A PETRÓPOLIS, se fazia pelo vapor e a estrada de ferro MAUÁ, partindo-se de barco da Prainha e que os preços de viagem completa eram: PRIMEIRA CLASSE – OITO MIL RÉIS; SEGUNDA.


CLASSE SEIS MIL RÉIS E TERCEIRA CLASSE – QUATRO MIL RÉIS. Em Petrópolis havia então dois hotéis: o BRAGANÇA cuja diária era de cinco mil réis, e o de FRANÇA, com a diária de quatro mil réis. Segundo o mesmo manuscrito, a viagem de Petrópolis a Juiz de Fora levava doze horas em diligência.

Dois exemplares do livrinho de 85 páginas, estão conservados na DIVISÃO DE OBRAS RARAS DA BIBLIOTECA NACIONAL. (site www.revistadehistória.com.br). O site www.asminasgerais.com.br, publica matéria contando a história de JUIZ DE FORA. Um dos capítulos  é  intitulado – IMIGRANTES – e os primeiros a chegarem foram os alemães. Segundo o documento eles foram contratados para a construção da ESTRADA UNIÃO E INDUSTRIA. Além de mão de obra barata e especializada, foram contratados também, mecânicos, fundidores, ferreiros, folheiros, ferradores, carpinteiros, marceneiros, ponteiros, oleiros, pintores, etc. Também gostaríamos de citar matéria publicada no site do jornal ESTADO DE MINAS, assinada pelo jornalista PAULO HENRIQUE LOBATO, no dia 17/01/11, que trata das comemorações dos 150 anos da estrada. Num dos trechos da citada matéria o autor assim se expressa: “A estrada se tornou um marco da ENGENHARIA da AMÉRICA LATINA, pois foi o primeiro corredor do BRASIL IMPÉRIO a usar a então melhor tecnologia do mundo”. O artigo ainda ressalta que: “A primeira estrada pavimentada do Brasil, portanto, também foi a primeira concedida a administração da iniciativa privada”.


       Em maio de 1863, aconteceu uma reunião de ASSEMBLEIA GERAL DA COMPANHIA UNIÃO E INDUSTRIA, e entre outros documentos, foram apresentados relatórios sobre a Estrada e sobre a colônia D PEDRO II, que foi construída para ser a morada de nossos antepassados, colonos germânicos vindos para JUIZ DE FORA, em 1858. Alguns dados deste relatório mostraremos a seguir, e se referem ao ano de 1862:

TOTAL DE PASSAGEIROS TRANSPORTADOS  -   13.291

TOTAL DE SACAS DE CAFÉ TRANSPORTADAS – 193.002

DIVERSOS VOLUMES TRANSPORTADOS         -  237.832

Obs. Não houve no período nenhuma ocorrência de acidentes.

23 DE JUNHO DE 2011 – 150 ANOS DA INAUGURAÇÃO DA ESTRADA UNIÃO E INDUSTRIA. Nilo Sérgio Franck – ASSOCIAÇÃO CULTURAL E RECREATIVA BRASIL ALEMANHA – JUIZ DE FORA – MG


 





Juiz de Fora, 22 de janeiro de 2011





NILO SÉRGIO FRANCK


 


BIBLIOGRAFIA:

LIVROS CONSULTADOS.

MARIANO PROCÓPIO FERREIRA LAGE – sua vida – sua obra – sua descendência:

ALBINO ESTEVES – ÁLBUM DO MUNICÍPIO DE JUIZ DEFORA – 1915;

AGASSIZ – VOYAGE AU BRÉSIL;

REVERT HENRIQUE KLUMB – DOZE HORAS EM DILIGÊNCIA – guia do viajante de Petrópolis a Juiz de Fora.

SITES:

www.revistadehistória.com.br

www.asminasgerais.com.br

www.espechit.com.br;

site do jornal ‘ESTADO DE MINAS’.



Por Nilo Sérgio Franck

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